“Abertos a outros caminhos, à vocação que o Senhor tem para nós, querendo buscar a verdade para qual Ele nos criou e não àquilo que já colocamos em nossa cabeça e não temos a coragem de entregar em Suas mãos, estaremos no rumo certo da felicidade.” (Escrito Estado de Vida – art. 7)
Discernir meu estado de vida foi descobrir quem desde toda a eternidade Deus me criou para ser: Larissa, mulher, filha de Deus, Shalom como Comunidade de Aliança, e, logo em breve, esposa e mãe. Como é belo, como é maravilhoso descobrir quem Deus deseja que você seja. Como é libertador e como você passa a viver bem mais feliz, com mais coerência e com mais intensidade, porque, simplesmente, você não descobre somente a vontade de Deus, mas descobre quem você realmente é. E, com muita alegria e liberdade, posso gritar quem sou para o mundo: Eu sou Larissa! Sou mulher! Sou Shalom! Sou Aliança! E sou chamada à vivência do matrimônio! Como sou feliz! Sou noiva de Raério Almeida, que também é missionário da Comunidade de Aliança Shalom. Hoje estou em missão na Diaconia Geral, coordenando o Escritório da JMJ.
Durante o meu caminho de vivência vocacional, o Senhor foi me conduzindo a um caminho sempre mais intenso de autoconhecimento. Isso mesmo! Caminho que me leva a saber quem eu realmente sou. Quem eu sou aos olhos de Deus. Quem Ele me criou para ser. E, foi na vivência da minha vocação que fui experimentando a condução de Deus que ia me fazendo descobrir quem sou. Quantas obras, quantas experiências vivi, quantas circunstâncias boas, difíceis e dolorosas foi preciso viver e ainda é preciso que eu viva para que a cada dia eu possa me conhecer. Fui conhecendo tanto meus limites, misérias, fragilidades, quanto minhas virtudes e, também, diante de tudo isso, fui descobrindo tudo o que havia marcado em minha vida, desde minha infância. Minhas alegrias, meus traumas familiares… Fui percebendo que muito das minhas escolhas eram frutos de medos gerados devido a determinadas circunstâncias em minha família. Mas tudo o que ia percebendo, colocava diante de Deus, que ia me revelando a verdade sobre a situação, sobre mim mesma e sobre como deveria ser.
Assim, descobri quem Deus me chama a ser. Ao que Deus me chama a viver. Não foram meus formadores que me disseram que sou chamada ao matrimônio, eles me ajudaram a trilhar esse caminho de descoberta e quando descobri, o Senhor confirmou no coração de minhas autoridades. O próprio Deus me conduziu neste caminho de descoberta. Hoje, livre de tantos medos que me paralisavam, realizo a vontade de Deus. Isso não é algo externo a mim, mas algo tão profundo, que revela quem sou.
Muitas vezes percebo as pessoas paralisadas em muitos aspectos de sua vida, e nem tão felizes, simplesmente pelo fato de ainda não terem discernido seu estado de vida, por ainda não se conhecerem a tal ponto que não sabem a quem são chamados, por Deus, a ser.
Acredito que nosso estado de vida é algo muito sério e importante para nossa vida. Não é algo que vamos deixando de lado até que nossa vida esteja organizada e possamos pensar nele agora. Acho que deveria ser até mesmo ao contrário, é sabendo quem Deus me chama a ser que poderei viver mais livremente e toda a minha vida dará mais frutos, seja com relação à família, profissão ou vocação.
Vejo muitas pessoas fugindo do matrimônio, do celibato ou do sacerdócio, fugindo do discernimento, com medo de descobrir quem são. Considero isso um atraso de felicidade! Mas Deus espera cada um de nós e no tempo que dermos a Ele, Ele agirá.
Esse também é um tempo que deve ser vivido com muita tranquilidade, alegria, coragem renúncia, disposição e, sobretudo, com silêncio e oração. Só Deus pode revelar a verdade sobre nós mesmos. Só Deus pode dizer quem somos.
Larissa Albuquerque
No livro “Belo é o amor humano”, a cofundadora da Comunidade Católica Shalom, Emmir Nogueira, aborda a vivência dos estados de vida (matrimônio e celibato), tendo por base o magistério da Igreja. Adquira seu exemplar aqui.